quinta-feira, 22 de março de 2007

SISTEMA CIRCULATÓRIO DOS VERTEBRADOS

Nunes, J.O.¹; Guterres, J.S.¹
¹Acadêmico do curso de Biologia ULBRA-Guaíba.


RESUMO

Os vertebrados são animais de grande porte e maciços, possuem o sistema circulatório mais desenvolvido do reino animal. Funciona transportando gases respiratórios, nutrientes, resíduos, metabólicos, hormônios e anticorpos. Junto com os rins e alguns outros órgãos fazem a manutenção do meio interno. Remove do corpo materiais tóxicos e patogênicos e pode funcionar junto com os músculos na regulação da temperatura corporal. Possuem a capacidade de cicatrização de feridas e compensar danos ao organismo. Faremos uma comparação do sistema circulatório classe dos peixes, anfíbios, répteis, mamíferos e aves.


Palavras-chave: sistema circulatório, vertebrados, artérias, veias,linfáticos.


INTRODUÇÃO

Os sistemas circulatórios dos vertebrados possuem dois componentes, o sistema vascular sanguíneo e o sistema linfático. O sistema vascular sanguíneo é formado por coração, vasos sanguíneos (artérias, arteríolas, veias, vênulas e capilares que são finíssimos vasos onde ocorre à troca de gases) e sangue,já o sistema linfático é formado pelos capilares linfáticos, de fundo cego ou reticulados, onde constituem a linfa e vasos linfáticos.
Dentre os constituintes do sistema vascular sanguíneo, as artérias, juntamente com arteríolas são responsáveis pela distribuição do sangue que vem bombeado do coração para os tecidos. As pequenas arteríolas são unidas as vênulas por meio dos capilares que formam uma rede no interior dos tecidos, os capilares medem em média 1 mm de comprimento. Assim que o sangue chega pelos capilares ao tecido, seus fluídos tissulares por meio da difusão, osmose e pressão hidrostática produzida pelo coração são depositados nos tecidos causando inchaço, caso não sejam drenados pelo segundo componente do sistema circulatório, o sistema linfático, o qual constituí-se por vasos linfáticos. Assim que os fluídos tissulares entram nos capilares linfáticos, constituindo a linfa, passa pelos vasos linfáticos chegando as vênulas. O sangue retorna pelas vênulas e conseqüentemente pelas veias ao coração. As veias entre a rede capilar que trás o sangue ao tecido e a rede capilar que o leva, constitui o sistema porta.
O sistema vascular sanguíneo dos vertebrados, diferentemente dos invertebrados exceto dos anelídeos é um sistema contínuo de ductos, por essa razão denominado de sistema fechado.
O coração promove pouca pressão para movimentar o sangue venoso e nenhuma pressão para movimentar a linfa, seu transporte é feito pela pressão exercida nos seus vasos por causa da respiração do organismo, e também a movimentação corporal, movimentando a musculatura íntrinseca do organismo. A maioria das veias e vasos linfáticos dos tetrápodes possuem válvulas para impedir o refluxo. Muitos vertebrados inferiores também possuem seios linfáticos, que funcionam como corações linfáticos, pois pulsam fracamente movimentando a linfa.
O sistema circulatório dos vertebrados superiores é fascinante, pois funciona continuamente, do começo ao fim do desenvolvimento embrionário, do qual sofre notáveis mudanças, assemelhando-se muitas vezes no início de seu desenvolvimento com órgãos de ancestrais, demonstrando claramente a evolução dos mesmos (Hildebrand,1995,p.263-264).

1 Sistema circulatório dos peixes vertebrados e semelhantes a peixes

Dos ciclóstomos aos teleósteos, com exceção dos dipnóicos (peixes pulmonados), o sistema circulatório dos peixes é essencialmente um sistema simples, em que apenas o sangue não-oxigenado passa pelo coração. O coração desse sistema é semelhante ao coração dos ancestrais dos vertebrados. Quando o sangue passa pelo coração ele é bombeado para as brânquias, onde ocorrerá a troca gasosa, após ele é bombeado novamente para o corpo. O coração possui quatro câmaras, mas pelo fato de não terem divisão entre as câmaras, possuem um átrio par e um ventrículo par. A primeira câmara do coração, (câmara receptora), é chamada de seio venoso. Possui uma parede fina como da câmara seguinte que se chama átrio. Do átrio o sangue passa para o ventrículo, que tem paredes espessas, deste o sangue é bombeado para fora, passando pelo cone arterioso para a aorta ventral. Da aorta ventral o sangue vai para as brânquias, mais precisamente pelos vasos branquiais aferentes onde é ocorrida a troca gasosa, após ele sai das brânquias através das alças coletoras eferentes e vai para a aorta dorsal. As aortas ventral e dorsal são ligadas pelos arcos aórticos. Na maioria dos vertebrados viventes, durante o desenvolvimento embrionário, possuem seis pares de arcos aórticos, que com o desenvolvimento eles possam ser reduzidos ou modificados.
Os peixes possuem vários sistemas venosos importantes, no seio venoso de cada lado, há um vaso conhecido como veia cardinal comum ou ducto de Cuvier, que é formado pela fusão das cardinais anteriores e posteriores. O sangue da cabeça é coletado pelas cardinais anteriores e o sangue dos rins é coletado pelas cardinais posteriores. As veias abdominais laterais pares, que recebem o sangue da parede do corpo e dos apêndices pares, desembocam nos ductos de Cuvier.
O sistema porta renal é formado pela veia caudal e por duas veias porta-renais, situadas lateralmente aos rins. O sistema porta-hepático funciona com a saída do sangue do estômago e do intestino entrando-o no fígado, onde passa por uma série de sinusóides atingindo o seio venoso pelas veias hepáticas pares.
Nos peixes e outras espécies de vertebrados superiores, o oxigênio é transportado para os tecidos por meio de um pigmento sanguíneo vermelho, chamado de hemoglobina. Está substância está presente nos eritrócitos (hemácias), ela é transportada no plasma para todos os tecidos do corpo (Orr,1986,p.33-34).

1.1 Compacto sobre o sistema circulatório dos peixes

Coração com um sinus, um átrio, um ventrículo e um conus. Circulação simples e completa. Hemácias elípticas e nucleadas (Boschilia,2001).

2 Sistema circulatório dos anfíbios

Quase todos os anfíbios possuem um problema diferente para resolver, porque nesta classe, o coração recebe tanto o sangue oxigenado, vindo dos pulmões, como o sangue não oxigenado vindo do corpo. Este problema também se segue nos peixes dipnóicos. Para resolver este problema quanto à mistura dos sangues os anfíbios e também os peixes dipnóicos desenvolveram involuntariamente através de seleção natural um sistema circulatório duplo. O coração ficou formado por um septo inter-atrial, com bolsas profundas na cavidade ventricular e pela divisão do cone arterioso em vários vasos sistêmicos e pulmonares. O sangue não oxigenado proveniente do corpo, entra no átrio direito, vindo do seio venoso, passa para o lado direito do ventrículo, de onde é bombeado para os pulmões. O sangue oxigenado, que vem dos pulmões, entra no átrio esquerdo através das veias pulmonares, passa para o lado esquerdo do ventrículo, de onde é bombeado para o corpo, passando pela parte sistêmica do cone. Na maioria dos anfíbios faltam o primeiro, segundo e o quinto par de arcos aórtico. O terceiro arco aórtico dá origem às artérias carótidas, e o quarto dá origem aos arcos sistêmicos que formam à aorta dorsal. O sexto arco aórtico origina as artérias pulmocutâneas, elas transportam o sangue para os pulmões e para a pele onde ocorrem as trocas gasosas.
O sistema venoso dos anfíbios assemelha-se ao dos peixes dipnóicos. As veias cardinais comuns, que penetram o seio venoso são chamadas de veias pré-cavas, e a veia pós-cava (Orr,1986,p.77-78).

2.1 Compacto sobre o sistema circulatório dos anfíbios

Coração com um sinus, dois átrios, um ventrículo e um bulbo. A circulação é dupla e incompleta, hemácias elípticas e nucleadas (Boschilia,2001).

3 Sistema circulatório dos répteis

Os répteis, por estarem mais adaptados ao ambiente terrestre que os anfíbios, possuem um sistema circulatório mais eficiente. A maior diferença do sistema circulatório dos répteis, com relação ao dos anfíbios está na ausência de brânquias funcionais e com um rim mais desenvolvido conhecido como metanefro.
O átrio do coração é dividido em uma câmara direita e uma câmara esquerda e o seio venoso estão junto do átrio direito. O ventrículo é quase completamente dividido por um septo, na maioria dos répteis, ocorrendo à separação quase que completa do sangue oxigenado que vem dos pulmões para o lado esquerdo do coração, e o sangue não oxigenado, que vem dos tecidos para o lado direito do coração. O cone arterioso embrionário divide-se em três vasos, onde um vaso transforma-se no tronco pulmonar, que leva o sangue do ventrículo direito para os pulmões, um outro vaso forma-se na aorta sistêmica principal, que transporta sangue do ventrículo esquerdo para o corpo, por meio do quarto arco aórtico direito. E o terceiro vaso vem do ventrículo direito para o quarto arco aórtico esquerdo, onde na parte de contato com a aorta sistêmica do ventrículo esquerdo, há uma pequena abertura entre os dois vasos conhecida como forâmen de Panizza, onde ocorre uma pequena mistura dentre os dois tipos de sangue.
Também ocorre uma pequena mistura dos tipos sanguíneos que ocorre nas artérias celíaca e subclávias esquerdas, quais juntam-se para formar uma única aorta dorsal.
As principais modificações do sistema venoso dos répteis, em relação ao dos anfíbios, decorre dum maior desenvolvimento das veias pulmonares e da veia pós-cava e um menor desenvolvimento do sistema porta renal que leva o sangue da parte posterior do corpo para os rins (Orr,1986,p.100-101).

3.1 Compacto sobre o sistema circulatório dos répteis

Coração com sinus, dois átrios e dois ventrículos incompletamente separados.
Circulação dupla e incompleta. Hemácias elípticas e nucleadas (Boschilia,2001).

4 Sistema circulatório das aves

O sistema circulatório das aves é tão desenvolvido quanto dos mamíferos. Ocorre uma separação completa entre o sangue arterioso e o sangue venoso e além disso o coração possui quatro câmaras. A aorta sistêmica sai do ventrículo esquerdo e alimenta com sangue oxigenado a cabeça e o corpo pelo quarto arco aórtico direito. Possuem duas veias pré-cavas funcionais que são formadas pela união da veia jugular e subclávia de cada lado, e uma veia pós-cava completa, que drena o sangue dos membros através do sistema porta renal, mas não ramificando em capilares. Os eritrócitos das aves. São nucleados e maiores do que dos mamíferos (Orr,1986,p.135).

4.1 Compacto sobre o sistema circulatório das aves

Coração com dois átrios e dois ventrículos. Circulação dupla e completa. Crossa aórtica voltada para a direita. Hemácias elípticas e nucleadas (Boschilia,2001).

5 Sistema circulatório dos mamíferos

Possuem muitos aspectos evoluídos, tais como um coração com quatro câmaras, compostas por duas câmaras atriais e duas câmaras ventriculares.
Ocorre uma completa separação do sangue venoso quanto ao sangue arterial. O átrio direito está separado do ventrículo direito pela válvula tricúspide, e o átrio esquerdo está separado do ventrículo esquerdo pela válvula bicúspide ou mitral. O quarto arco aórtico origina a aorta sistêmica e o quarto arco aórtico direito origina a artéria subclávia direita. Podem ter uma ou duas veias pré-cavas e uma veia pós-cava. Todas as veias pós-cava penetram no átrio direito. Não existe sistema porta-renal (Orr,1986.p.186).

5.1 Compacto sobre o sistema circulatório dos mamíferos

Coração com dois átrios e dois ventrículos. Circulação dupla e completa. Crossa aórtica voltada para a esquerda. Hemácias discóides e anucleadas (Boschilia,2001).

6 Componentes do sistema circulatório dos vertebrados

6.1 Baço

Sua circulação estudada num mamífero é alimentada por uma artéria e é drenada por uma veia, raramente são presenciados vasos linfáticos desenvolvidos. Sua circulação pode ser um sistema “aberto”, sua polpa branca agrupa-se nas arteríolas terminais e sua polpa vermelha situa-se perto das saídas venosas. O baço é um importante órgão de produção de células sanguíneas, exceto os mamíferos quais produzem apenas linfócitos, nos demais vertebrados o baço produz eritrócitos e granulócitos (Romer; Parsons,1985,p.366-367).

6.2 Nódulos linfáticos

Essencialmente são presentes em mamíferos, sua estrutura é arredondada, maciça e encapsulada de tecido reticular, situa-se essencialmente em vasos linfáticos. Suas células consistem essencialmente de linfócitos (Romer; Parsons,1985,p.367).

6.3 Vasos circulatórios

São derivados do mesênquima embrionário, o revestimento interno dos vasos circulatórios é formado pelo endotélio, que nada mais é do que uma única camada de células foliáceas finas, contínuas uma com a outra em suas margens e são derivadas de um tipo especial de epitélio.
Os vasos do sistema circulatório são: o coração, as artérias, as veias, os capilares, pequenos vasos que ligam artérias e veias e os vasos linfáticos (Romer; Parsons,1985,p.367-368)

6.3.1Capilares

Possuem pequeníssimo calibre, funcionalmente são a parte mais importante do sistema circulatório. Sua parte proximal fornece oxigênio e substâncias nutritivas aos tecidos e sua parte distal recebe substâncias de excreção e dióxido de carbono dos tecidos. Este fluxo é possível através de mudanças do equilíbrio entre pressões físicas e osmóticas no sangue que atravessa os capilares (Romer; Parsons,1985,p.368-370).

6.3.2 Anastomose

São ligações diretas, com calibre maior entre uma artéria e uma veia (arteriovenosa), por onde passam maior quantidade e sangue (Romer; Parsons,1985,p.369).

6.3.3 Sinusóides

São seios sanguíneos de parede fina, ou seja, são capilares maiores, freqüentemente achatados que ocorrem no fígado, baço e em diversos outros órgãos (Romer; Parsons,1985,p.369).

6.3.4 Rede maravilhosa

São uma massa complicada e enrolada de diminutos vasos sanguíneos (Romer; Parsons,1985,p.369).

6.3.5 Artérias e veias

formadas essencialmente pelo endotélio, mas também possuem os elementos de reforço como fibras de tecido conjuntivo, fibras elásticas e células musculares lisas em quantidade e formas variáveis que são penetradas por fibras nervosas.
As paredes dos vasos sanguíneos são divididas em três camadas ou túnicas, a túnica íntima, a túnica média e a túnica externa ou adventícia (Romer; Parsons,1985,p.370-371).

6.3.6 Vasos linfáticos

Os vasos linfáticos, são formados por capilares linfáticos, que possuem um diâmetro maior que o dos capilares sanguíneos e os vasos linfáticos maiores, nos quais a linfa circula lentamente em direção ao coração. Possuem paredes mais finas que as veias e podem expandir-se em bolsas de paredes finas, nas cisternas linfáticas . (Romer; Parsons,1985,p.371)

6.4 Válvulas e esfíncteres

Os esfíncteres são fibras musculares circulares que podem se desenvolver numa dada região de artérias e veias, podendo interromper o fluxo sanguíneo no vaso em questão.
Válvulas são dobras do endotélio e de tecido conjuntivo nas quais localizam-se depressões semelhantes a bolsas, que servem para impedir o refluxo do sangue ou da linfa no vaso (Romer; Parsons,1985,p.371).

6.5 Sistema arterial

O sistema de arcos aórticos, no geral é formado por uma série de vasos que bifurcam de arcos arteriais. Estes arcos, são vasos contínuos que passam sem interrupção da aorta ventral para a dorsal e deles ramificam-se artérias que levam o sangue para todo o corpo (Romer; Parsons,1985,p.372-381).

6.6 Sistema venoso

São vasos que trazem o sangue do sistema capilar para o coração. Possuem uma disposição complicada e variável, entretanto, quando se estuda sua origem embrionária, percebe-se que há componentes da mesma pertencendo a diferentes sistemas.
Existe o sistema subintestinal que se deslocam para frente do organismo, passando por baixo do intestino, formando no adulto o sistema porta hepático que vai até o fígado e as veias hepáticas que vão do fígado ao coração . Veias dorsalmente que transportam o sangue do corpo e da cabeça em direção ao coração. Elas incluem as cardinais ou as veias cavas.
Veias abdominais, que drenam a parte ventral do corpo.
Nos vertebrados pulmonados, as veias pulmonares que se direcionam dos pulmões ao coração (Romer; Parsons,1985,p.381-388).
.
6.7 Sistema linfático

Uma série de vasos que retornam fluídos intersticiais dos tecidos ao coração. Seus capilares não possuem qualquer comunicação com o sistema arterial, sendo assim exercida pressão arterial aos vasos linfáticos, portanto são considerados um sistema fechado. A linfa entra nos vasos linfáticos por meio de difusão e seu fluxo é lento, pois seu movimento é provocado somente pela movimentação do organismo e dos órgãos. No fim os vasos linfáticos, entram geralmente nas veias dorsais, cardinais ou cavas. A linfa gordurosa, ou quilo, que deixa o intestino, sobe pelos vasos denominados lácteos (aspecto leitoso) os quais depositam seu fluído nos ductos torácicos, ao longo do dorso da cavidade do corpo e paralelamente à veia cava, com aberturas anteriores e também posteriores.
Os vasos linfáticos, geralmente são paralelos às veias, e uma explicação funcional teorizada para o desenvolvimento do sistema linfático através da evolução é de que o fato de as brânquias estando eliminadas nos tetrápodos, ao acaso surgiu e evoluiu este sistema que proporcionou uma diminuição da pressão sanguínea em relação aos tetrápodos e peixes ósseos, visto que os peixes possuem uma circulação mais lenta e os peixes ancestrais não tinham um sistema linfático propriamente dito (Romer; Parsons,1985,p.388-390) .

6.8 Coração

Nos vertebrados o coração é uma estrutura única situada ventralmente e bem na frente do tronco. Recebe sangue venoso em sua parte posterior e bombeia-o para frente até o sistema de arcos aórticos. O coração primitivo consistia de quatro câmaras sucessivas chamadas, de trás para frente, de seio venoso, átrio, ventrículo e cone arterioso. O coração de grupos evoluídos perdeu o seio venoso e o cone arterioso, mas o átrio e o ventrículo foram subdivididos. Prendendo-se nas paredes da cavidade celomática, na entrada e saída dos vasos sanguíneos é assim capaz de modificar-se rapidamente sua forma durante seus brutos movimentos. Sua estrutura histológica, apesar de muito modificada, é comparável aquela encontrada em outros vasos sanguíneos. Possui um fino revestimento interno (endocárdio), o epicárdio (origem mesodérmica) semelhante a aquele que reveste o restante do celoma. Sua principal massa é o miocárdio, constituído por tecido conjuntivo e muscular cardíaco. Entre as câmaras do coração e nos pontos de entrada ou saída de vasos posicionam-se as válvulas cardíacas que impedem o retorno do sangue, mas que contribuem livremente para a propulsão do sangue para frente.
O coração é suprido com uma série de vasos coronários que se ramificam em suas paredes musculares. A oclusão destas artérias coronária pode causar morte súbita no indivíduo por parada cardíaca, pela falta de “alimentação” as células cardíacas (Romer; Parsons,1985,p.390-391).

Adaptação evolucional do coração dentre as classes de vertebrados

Analisando morfologicamente o coração, evolutivamente falando sobre a adaptação ao diferentes ambientes em que as classes de vertebrados habitam, comecemos com a classe de peixes, que aos primórdios da era dos seres vivos, já habitavam o planeta. Dentre a classe de peixes, exceto os dipnóicos, seu coração possui características bastante “primitivas”, podendo-se comparar com a morfologia e fisiologia do coração primitivo de ancestrais vertebrados. A estrutura do coração primitivo é formada por quatro câmaras, dispostas retilineamente que se contraem em seqüência. Bombeia um único fluxo de sangue não oxigenado para a região anterior do corpo.
O sangue proveniente das veias (sangue venoso) penetra numa estrutura chamada seio venoso de paredes finas, da onde é levado para o átrio (também de paredes finas), por uma única válvula sino atrial. Saindo do átrio o sangue entra num grande ventrículo de paredes espessas, através da válvula átrio-ventricular. O ventrículo bombeia o sangue para dentro do cone que está revestido internamente por várias fileiras de válvulas semilunares. Do cone ele sai de encontro à aorta ventral sendo distribuído para o corpo.
Do coração primitivo, origina-se o coração dos ciclostomados e outros peixes, exceto os dipnóicos. O coração do tubarão azul (peixe cartilaginoso), possue um seio venoso grande, após um canal átrio ventricular penetrando no grande átrio.Em seguida o sangue desemboca no ventrículo e entra no cone onde também possue válvulas semilunares. A grande diferença do coração primitivo dos vertebrados, para o de peixes ciclostomados e outros exceto os dipnóicos é de que os corações conhecidos atualmente, são dobrados, de modo que o átrio fique numa posição dorsal ou anterior ao ventrículo.
Um grande passo da evolução, foi a originação do coração intermediário, que começa a estar presente em peixes dipnóicos, na atualidade. Não é correto pensar que o coração intermediário (atual) foi um mecanismo evolutivo intermediário na escala evolutiva, pois ele também sofreu um processo de adaptação ao meio. Deve-se ter em mente que um coração hipotético ancestral possa ter originado o coração intermediário atual e o coração de todas as outras classes considerando-o mais avançado para o meio em que se encontra. Cabe a interpretação de que cada coração foi selecionado adaptativamente para o ambiente em que se encontra.
O coração intermediário, geralmente recebe os dois tipos de sangue, sendo que internamente não ocorra uma grande separação do sangue oxigenado com o sangue não-oxigenado. Em peixes dipnóicos, é desejável enviar o sangue não oxigenado para os pulmões quando eles estão funcionando, entretanto o coração intermediário é facultativo, pois se sua respiração branquial estiver funcionando, é preferível que o sangue seje mandado as brânquias (dipnóicos), pele (anuros submersos), ou porque estão hibernando (tartarugas).
No caso dos anuros (anfíbios) o átrio já está completamente dividido em câmaras direita e esquerda, mas o sangue oxigenado na pele, quando retorna mistura-se com o sangue não oxigenado nas veias sistêmicas, havendo uma certa mistura no lado direito do coração.
Em algumas espécies de salamandras sem pulmões, a regressão tem ocorrido a tal ponto que o septo interatrial desapareceu.
O cone nos répteis é único, porque esta estrutura no embrião divide-se completamente em três canais:tronco pulmonar e troncos sistêmico direito e esquerdo. O ventrículo dos répteis está parcialmente dividido em câmaras dorsal e ventral. Os crocodilianos possuem um septo interventricular completo, mas existe um forame entre as bases do dois troncos sistêmicos, não sendo completa a separação dos sangues.
O coração dos homeotermos é o mais eficiente em termos de separação sanguínea, pois nele a separação é completa, ele possui um circuito duplo. Ele possui um sistema de baixa pressão pulmonar no lado direito e um sistema de alta pressão do lado esquerdo. O cone embrionário divide-se num tronco pulmonar unido ao ventrículo direito e em um tronco sistêmico unido ao ventrículo esquerdo. O desenvolvimento do coração dos mamíferos, recapitula os estágios evolutivos que antecederam-o. Possui um seio venoso que se une ao átrio direito, septos interatrial e interventricular incompletos e um cone indiviso (Hildebrand,1995,p.265-270).

6.9 Batimento cardíaco

Através do sistema do seio venoso ou no átrio as fibras do sistema nervoso chegam-nas alimentando-as com impulsos nervosos involuntários. Fibras musculares especializadas que estimulam o local de um sistema nervoso (sistema sinoventricular), não especializadas para a contração, mas para o transporte de um estímulo nervoso. Um nódulo do seio destes tecidos, situado no átrio direito, inicia o batimento, um segundo nódulo situado no septo entre os átrios recebe o estímulo, desse sai um feixe de fibras (feixe atrioventricular) que se ramifica por entre os músculos dos ventrículos (Romer; Parsons,1985,p.391-392).

7 Funções do sangue

O sangue tem a função de transportar oxigênio dos pulmões até as células do corpo e dióxido de carbono das células até os pulmões para ocorrer à troca de gases. Também possui a função de transportar nutrientes para a célula e transportar hormônios das glândulas endócrinas as células do corpo.
Funciona como um a solução tampão, pois ele regula o Ph e também ajusta a temperatura corporal por causa de sua absorção de calor e de refrigeração por causa da água em determinadas concentrações metabólicas.
Também serve para a proteção, pelo mecanismo de coagulação sanguínea evitando a perda do sangue além dos anticorpos.


7.1 Tecidos formadores do sangue

AS células sanguíneas são formadas por eritrócitos (células vermelhas), leucócitos (células brancas) e os trombócitos (plaquetas).
Os glóbulos vermelhos ou eritrócitos (hemácias), possuem um tamanho em média de 8 micrômetros de diâmetro, não possuem núcleo ou outras organelas, contém um pigmento vermelho chamado de hemoglobina. A hemoglobina estando no interior dos eritrócitos, possui a função de transportar a maior parte do oxigênio e parte do dióxido de carbono no sangue. Sua quantidade em uma pessoa normal varia entre 4,8 milhões/mm³ em mulheres e 5,4 milhões/mm³ em homens.
Os glóbulos brancos ou leucócitos fazem parte do sistema imune, combatendo patógenos e outras substâncias estranhas que entram no corpo. Vivem por no máximo alguns dias e deixam a corrente sanguínea por emigração para o combate celular. Sua quantidade em uma pessoa normal varia de 5.000 a 10.000 mm³, a seguir veremos os seus elementos quantitativamente normal:
Neutrófilos são leucócitos, e constituem de 60 a 70% de todos glóbulos brancos. Seu diâmetro varia de 10 a 12 micrômetros, seu núcleo tem geralmente de 2 a 5 lobos conectados por finas tiras de cromatina, seu citoplasma possui pequenos grânulos de cor lilás bem clara. Faz fagocitose, para destruição de bactérias por meio de lisozimas.
Eosinófilos são leucócitos, constituem de 2 a 4% de todos glóbulos brancos. Seu diâmetro varia de 10 a 12 micrômetros, núcleo geralmente com 2 lobos, grânulos grandes de cores vermelha e vermelha-alaranjada no citoplasma. Combate o efeito da histamina e serotonina em reações alérgicas, fagocita complexos antígeno-anticorpo e destrói certos vermes parasitas.
Basófilos consiste de 0,5 a 1% de todos glóbulos brancos, possui um diâmetro de 8 a 10 micrômetros, seu núcleo é bilobado ou de forma irregular, com grânulos citoplasmáticos em cor roxo-azulado escuro. Ele libera a heparina, histamina e serotonina em reações alérgicas, que intensificam a resposta inflamatória como um todo.
Linfócitos células B, T e exterminadoras naturais, correspondem de 20 a 25% de todos glóbulos brancos. Os linfócitos pequenos possuem de 6 a 9 micrômetros de diâmetro, os linfócitos grandes possuem de 10 a 14 micrômetros de diâmetro, núcleo redondo ou levemente indentado, citoplasma formando um anel azul-celeste em torno do núcleo, quanto maior a célula, mais visível é o citoplasma. Medeia respostas imunes, incluindo reações antígeno-anticorpo. As células B transformaram-se em plasmócitos, que secretam anticorpos. As células T atacam vírus invasores, células cancerosas e células de tecidos transplantados. As células exterminadoras naturais atacam uma ampla variedade de micróbios infecciosos e certas células tumorais de origem espontânea.
Monócitos correspondem de 3 a 8% de todos glóbulos brancos. Possui um diâmetro de 12 a 20 micrômetros, seu núcleo é oval, em forma de rim ou ferradura, o citoplasma é azul cinzento e de aparência espumosa. Fagocita após transformarem-se em macrófagos, fixos ou errantes.
Plaquetas (trombócitos) correspondem de 250.000 a 400.000/mm³. São fragmentos de célula de 2 a 4 micrômetros de diâmetro que vivem por 5 a 9 dias. Contém muitos grânulos, mas são anucleadas. Formam o tampão plaquetário na hemóstase (cessação do sangramento) liberam substâncias químicas que promovem a vasoconstrição e a coagulação do sangue(Tortora,2000,p.331).

7.2 Plasma

Líquido amarelo que consiste de 91,5% de água e8,5% de solutos. Os solutos são formados por proteínas plasmáticas, nutrientes, gases, eletrólitos, restos metabólicos, enzimas e hormônios. Mais especificamente albuminas, que são sisntetizadas pelo fígado (55%), globulinas (38%) e o fibrinogênio (7%) (Tortora,2000,p.330)




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 BOSCHILIA, Cleusa. Minimanual Compacto de Biologia. São Paulo:Rideel,2001.

2 HILDEBRAND, Milton. Análise da Estrutura dos Vertebrados. Ilustrado por Vila e
Milton Hildebrand. São Paulo: Atheneu, 1995.

3 ORR, Robert T. Biologia dos Vertebrados. 1 ed. California:Roca,1986.

4 ROMER, Alfred; PARSONS Thomas S. São Paulo: Atheneu, 1985.

5 TORTORA, Gerard J. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 4 ed., Porto Alegre: Artmed Editora,2000.