quinta-feira, 22 de março de 2007

Adaptação evolucional das classes dos vertebrados

Coração

Analisando morfologicamente o coração, evolutivamente falando sobre a adaptação ao diferentes ambientes em que as classes de vertebrados habitam, comecemos com a classe de peixes, que aos primórdios da era dos seres vivos, já habitavam o planeta. Dentre a classe de peixes, exceto os dipnóicos, seu coração possui características bastante “primitivas”, podendo-se comparar com a morfologia e fisiologia do coração primitivo de ancestrais vertebrados. A estrutura do coração primitivo é formada por quatro câmaras, dispostas retilineamente que se contraem em seqüência. Bombeia um único fluxo de sangue não oxigenado para a região anterior do corpo.
O sangue proveniente das veias (sangue venoso) penetra numa estrutura chamada seio venoso de paredes finas, da onde é levado para o átrio (também de paredes finas), por uma única válvula sino atrial. Saindo do átrio o sangue entra num grande ventrículo de paredes espessas, através da válvula átrio-ventricular. O ventrículo bombeia o sangue para dentro do cone que está revestido internamente por várias fileiras de válvulas semilunares. Do cone ele sai de encontro a aorta ventral sendo distribuído para o corpo.
Do coração primitivo, origina-se o coração dos ciclostomados e outros peixes, exceto os dipnóicos. O coração do tubarão azul (peixe cartilaginoso), possue um seio venoso grande, após um canal átrio ventricular penetrando no grande átrio.Em seguida o sangue desemboca no ventrículo e entra no cone onde também possue válvulas semilunares. A grande diferença do coração primitivo dos vertebrados, para o de peixes ciclostomados e outros exceto os dipnóicos é de que os corações conhecidos atualmente, são dobrados, de modo que o átrio fique numa posição dorsal ou anterior ao ventrículo.
Um grande passo da evolução, foi a originação do coração intermediário, que começa a estar presente em peixes dipnóicos, na atualidade. Não é correto pensar que o coração intermediário (atual) foi um mecanismo evolutivo intermediário na escala evolutiva, pois ele também sofreu um processo de adaptação ao meio. Deve-se ter em mente que um coração hipotético ancestral possa ter originado o coração intermediário atual e o coração de todas as outras classes considerando-o mais avançado para o meio em que se encontra. Cabe a interpretação de que cada coração foi selecionado adaptativamente para o ambiente em que se encontra.
O coração intermediário, geralmente recebe os dois tipos de sangue, sendo que internamente não ocorra uma grande separação do sangue oxigenado com o sangue não-oxigenado. Em peixes dipnóicos, é desejável enviar o sangue não oxigenado para os pulmões quando eles estão funcionando, entretanto o coração intermediário é facultativo, pois se sua respiração branquial estiver funcionando, é preferível que o sangue seje mandado as brânquias (dipnóicos), pele (anuros submersos), ou porque estão hibernando (tartarugas).
No caso dos anuras (anfíbios) o átrio já está completamente dividido em câmaras direita e esquerda, mas o sangue oxigenado na pele, quando retorna mistura-se com o sangue não oxigenado nas veias sistêmicas, havendo uma certa mistura no lado direito do coração.
Em algumas espécies de salamandras sem pulmões, a regressão tem ocorrido a tal ponto que o septo interatrial desapareceu.
O cone nos répteis é único, porque esta estrutura no embrião divide-se completamente em três canais:tronco pulmonar e troncos sistêmicos direito e esquerdo. O ventrículo dos répteis está parcialmente dividido em câmaras dorsal e ventral. Os crocodilianos possuem um septo interventricular completo, mas existe um forame entre as bases do dois troncos sistêmicos, não sendo completa a separação dos sangues.
O coração dos homeotermos é o mais eficiente em termos de separação sanguínea, pois nele a separação é completa, ele possui um circuito duplo. Ele possui um sistema de baixa pressão pulmonar no lado direito e um sistema de alta pressão do lado esquerdo. O cone embrionário divide-se num tronco pulmonar unido ao ventrículo direito e em um tronco sistêmico unido ao ventrículo esquerdo. O desenvolvimento do coração dos mamíferos, recapitula os estágios evolutivos que antecederam-o. Possui um seio venoso que se une ao átrio direito, septos interatrial e interventricular incompletos e um cone indiviso.