quarta-feira, 21 de março de 2007

Classificação de Riscos (laboratório)

O trabalho laboratorial realizado de forma adequada previne a exposição indevida a riscos à saúde. As "boas práticas" devem ser adotadas visando à proteção do operador, seus auxiliares e a comunidade local, contra riscos à saúde e ao local de trabalho, equipamentos e meio ambiente. O conhecimento dos diferentes agentes de risco presentes no ambiente de trabalho é passo essencial ao seu gerenciamento. A Norma Regulamentadora Número 5 (NR5) do Ministério do Trabalho classifica os riscos em cinco grupos:
Riscos físicos: São os provocados por algum tipo de energia (calor, frio., ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes etc.), relacionados com os equipamentos ou com o ambiente do laboratório.
Riscos químicos: São os relacionados com a manipulação de substâncias químicas na forma de gases, líquidos e sólidos que podem apresentar características tóxicas, cancerígenas, irritantes, voláteis, cáusticas, corrosivas, combustíveis etc.
Riscos ergonômicos: São os relacionados com esforços repetitivos (com correta utilização de equipamentos de proteção individual - EPI), em locais que permitam ao operador a segurança pessoal e do meio ambiente. Deve-se dar especial cuidado no descarte destas substâncias e também acondicionamento adequado, respeitando a compatibilidade entre os diferentes reagentes.
Riscos de acidentes: São os relacionados à exposição de agentes dos reinos animal, vegetal e, principalmente, de microrganismos. Podem ser veiculados sob diversas formas, como aerossóis, poeira, alimentos, instrumentos de laboratório, sangue, urina, escarro, secreções, cultura etc. Nas modalidades de diagnóstico envolvendo agentes infecciosos, deve-se dar atenção especial na avaliação de riscos e prevenção associadas com infecções laboratoriais. A avaliação de risco biológico deve contemplar características como:
#patogenicidade;
#existência de medicamentos ou vacinas;
#estabilidade;
#dose infecciosa;
#concentração do patógeno;
Via de transmissão (parenteral, transportado por ar, ingestão etc.), sendo os agentes transmissíveis por aerossóis os de maior risco.
Baseados nestas características, os agentes biológicos podem ser agrupados em classes de riscos, o que facilita o gerenciamento de biossegurança (relação mais completa doa agentes biológicos e sua classe de risco pode ser encontrada nas referências):
Classe de risco 1 - Baixo risco individual e coletivo: Agentes biológicos que nunca foram descritos como causadores de doenças ao homem e animais. Exemplos: Bacillus subtilis, Bacillus cereus, Lactobacillus acidophilus etc.
Classe de risco 2 - Risco individual moderado e risco coletivo limitado: Agentes biológicos que podem provocar doenças ao homem e animais mas que em condições normais não oferecem perigo aos trabalhadores envolvidos. Raramente causam infecções que levam a doenças graves. Há pouca probabilidade de alto risco para os profissionais de laboratório. Exemplos: Vibrio cholerae, Escherichia coli, Herspesvirus tipo 1, 2, Papilomavirus humano (HPV) etc.
Classe de risco 3 - Risco individual elevado, risco comunitário limitado: Agentes biológicos que podem causar doenças graves aos profissionais de laboratório. Normalmente não se espalham por contato entre um indivíduo e outro. Exemplos: Mycobacterium tuberculosis, Salmonella typhi, Vírus da hepatite B (HBV), Vírus da hepatite C (HCV), Vírus da imunodeficiência humana (HIV 1 e 2) etc.
Classe de risco 4 - Risco individual e comunitário elevado: Agentes biológicos que representam ameaça séria para o ser humano e animais. Não há possibilidade de tratamento ou medidas preventivas como vacinas, sendo potencialmente perigoso para quem manipula. Há alto grau de transmissão de forma direta ou indireta entre indivíduos ou de animais para o ser humano ou vice-versa. Exemplos: Vírus Ebola, Vírus Hantaan, Vírus Hazara, Vírus da Varíola etc.